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quinta-feira, 25 de abril de 2024

NO SESC, UM DEFEITO DE COR

Livro fundamental para o conhecimento de um passado recente no Brasil é Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves.
Esse livro, de 1.000 páginas, ouso dizer ser saboroso. Até porque nele a autora fala do que comemos.
A culinária brasileira tem tudo a ver com a culinária africana.
Um Defeito de Cor é uma viagem importantíssima.
Como se não bastasse como valor literário e histórico, o livro de Ana Maria inspirou exposição aberta hoje 25 no Sesc unidade Pinheiros. Desde já, recomendo uma visita ao 2º andar do referido Sesc.
A exposição Um Defeito de Cor permanecerá aberto à visitação pública, gratuitamente, até o dia 1º de dezembro.
Boa viagem!



LEIA MAIS: CARNAVAL: NEGROS NA AVENIDA • AINDA HÁ ESCRAVIDÃO NO BRASIL • O NEGRO NA HISTÓRIA (1)

terça-feira, 23 de abril de 2024

LULA, ATENÇÃO: LER É BOM E DOCE!

Ler é bom e doce.
Quem não lê, que não sabe ler, aprende menos de quem sabe e gosta de ler.
Somos cerca de 10 milhões de analfabetos, no Brasil. Fora os analfabetos funcionais, cujo número chega à casa dos 30 milhões.
Certamente não é fácil, doloso mesmo, olhar uma placa e não saber no que nela está escrito. Ou pegar um livro sem saber ler uma frase, um parágrafo, uma página...
A leitura é meio caminho da cidadania.
Ninguém nasce ou nascerá sabendo ler e escrever. Isso é no dia a dia na escola...
Ouço no rádio Lula pedir ao ministro da Fazenda, Haddad, que "ao invés de ler um livro, tem de perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara".
Haddad achou graça e minimizou a questão, o puxão de orelha que sofreu do chefe: "esqueci os livros em São Paulo e estou liberado".
Em 2002, Lula disse à rádio Bandeirantes que para ser presidente não precisa de diploma coisa nenhuma. Mais ou menos isso. Disse ainda: "Para governar o país, as pessoas precisam ser doutores em povo brasileiro, ter capacidade de comando".
Pra reforçar o que disse, Lula lembrou que Silvio Santos, Roberto Marinho e o empreiteiro Camargo Corrêa chegaram aonde chegaram sem diploma nenhum. Pois, pois.
Na verdade, eu acho que o Lula deveria parar de dizer besteiras desse tipo.
Estudar sempre foi necessário, em qualquer língua.
O escritor Monteiro Lobato deixou para a história uma frase exemplar: "Quem  lê, sabe mais".
Simples assim.


domingo, 21 de abril de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (91)

No dia 17 de janeiro de 2024 o papa Francisco, em audiência pública, disse que “o prazer sexual deve ser valorizado, mas é minado pela pornografia”. Disse mais: 
Vencer a batalha contra a luxúria, contra a "objetificação" do outro, pode ser uma empreitada ao longo da vida. O verdadeiro amor não possui, ele se doa; servir é melhor do que conquistar. Porque se não há amor, a vida é triste, é uma solidão triste.
A luxúria é o 3º dos sete pecados capitais. Diz: 
A luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”. Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.
O alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) disse muitas coisas interessantes e outras nem tanto. Pra ele, a mulher nasceu apenas para procriar. Isso justificava dizendo ser “a mulher mais fiel do que o homem”. Por natureza. E por natureza o homem, depois de casado, acabava por se cansar da companheira. Por essa razão, ainda segundo Schopenhauer, o homem é por natureza adúltero. Mais: o casamento é uma espécie de prostituição, no qual o homem manda e desmanda.
Isso está no livro A Metafísica do Amor.
Nesse livro, lançado em 1818, o autor cita grandes nomes do passado como Platão, Shakespeare, Spinoza, Lord Byron e outros.
E foi nesse mesmo livro que tomei conhecimento de um autor muito importante para a literatura alemã: Friedrich Schiller (1759-1805).
Schiller escreveu uma peça de contornos trágicos intitulada A Noiva de Messina, cuja história se passa na Sicília medieval. A personagem título não é tão amada como gostaria. O resultado disso é sangue.
Essa peça foi traduzida para o português pelo poeta maranhense Gonçalves Dias (1823-1864).
Em tempo: Schopenhauer dizia gostar muito de cachorros e outros animais domésticos. Para ele “não pode ser bom o homem que maltrata animais”.
Muitas tragédias reais ou fictícias envolvem casais apaixonados como Romeu e Julieta.
Na vida real, houve no Brasil o suicídio de Stefan Zweig e Lotte Zweig.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 20 de abril de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (90)

Oscar Niemeyer
O ano de 1968 foi um ano bastante agitado. Foi o ano em que as mulheres foram às ruas para protestar e exigir direitos iguais entre gêneros. Rasgaram e queimaram sutiãs em praça pública de Nova Iorque, EUA. Nascia ali os movimentos feministas que tiveram na romancista e filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) a sua inspiração e símbolo.
Naquele ano de 68, na Suécia, foi realizada uma grande exposição de arte pornográfica. Os organizadores dessa exposição não conseguiram, porém, reconhecer a palavra pornografia, “Em vez disso, eles descreveram a exposição como uma mostra de arte erótica e propuseram uma tentativa de distinguir esta última da pornografia ao tratar pornografia como especulação financeira prejudicial e arte erótica como uma forma de arte meritória”, lembrou anos depois o escritor inglês Poul Gerhard, acrescentando: “Esta distinção apenas preservou uma confusão de ideias claramente demonstrada na legislação, a qual, por um lado, permite arte de conteúdo erótico enquanto, por outro, proíbe pornografia. Uma indicação da impraticabilidade de tal distinção é o caos jurídico que ocorre com tanta frequência nos últimos anos, quando a questão da pornografia tem sido levada aos tribunais. Os limites da arte pornográfica são mais do que formalmente fixos, e surge o fato de que a atividade artística-pornográfica não está restrita a um período articular, nem está ligada a nenhum ‘ismo’. Arte pornográfica é tão antiga quanto a própria arte”.
Foi naquele maldito ano, mais precisamente no dia 13 de dezembro, que os brasileiros tomaram conhecimento do enorme catatal pornográfico intitulado AI-5.
Esse Ato fechou portas e bocas no Brasil. Muita gente foi perseguida, presa, torturada, morta e muitos dos que não morreram, foram exilados.
Antes de 68, mais precisamente quatro anos antes, o arquiteto Oscar Niemeyer foi preso pelos gorilas da repressão. Ao ser inquirido sobre como “ganhara tanto dinheiro”, entredentes respondeu: “Dando o cu”.
Na versão definitiva do seu depoimento, o escrivão pôs lá: “Quando perguntado sobre como havia auferido tantos resultados financeiros, o inquirido afirmou que praticando a pederastia passiva”. Oscar não aceitou essa versão, dizendo: “Eu não disse isso, disse dando o cu!”.
Triste ano.
O assunto é amplo e sempre polêmico.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

DEUS CRIA, O HOMEM MATA

Drones e mísseis pipocam no céu do Oriente Médio, assustando Deus e o mundo. 

É muito pipoco. 

É muita gente caindo ferida e morta no chão. Crianças e mães clamam por Deus, mas parece que Ele não está nem aí.

Tenho medo, quem não tem?

Lendo o livro A Chave do Tamanho (1942), escrito pelo taubateense Monteiro Lobato, deparo-me com o narrador falando a respeito do poeta do povo, Castro Alves. Mais adiante o autor vai falando pela boca dos personagens sobre a maldade dos homens e a loucura que são as guerras. 

Lembro também de Jorge Amado, por ter escrito o belíssimo livro ABC de Castro Alves (1941).

Não posso aqui deixar de lembrar também do cearense José de Alencar. 

Esses três autores representam com categoria, através dos personagens que criam, a mistura de cores de que se enriquece o Brasil: índio, branco e negro. 

Alencar foi o primeiro a pôr indígenas numa leitura de romance (O Guarani, 1857). Esse livro virou ópera composta pelo negro paulista Carlos Gomes.

Jorge Amado pôs as três cores nas suas histórias. Escreveu sobre o Brasil pé no chão, representado pelo povo.

No livro A Chave do Tamanho Lobato diz o que pensava sobre nazismo, dinheiro e poder pela boca da boneca Emília. 

Bom, hoje é o Dia dos Povos Indígenas. E por assim ser não custa dizer que dos cinco ou oito milhões de indígenas que o Brasil tinha antes da colonização portuguesa restam de descendentes menos de dois milhões. Segundo o IBGE, 1,7 milhão. 

Fora isso, ainda há 274 línguas indígenas de um total estimado em 1,2 mil até o ano de 1500.

É isso!

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